Você é sempre você?
Ou melhor... você consegue, sinceramente, ser a mesma pessoa em qualquer circunstância? Em qualquer lugar? Na presença de quem seja?
Tem certeza?
Quem é você?
Desculpa... é que eu não acredito nisso. Na verdade até seria capaz de apontar algumas pessoas que acredito que se encaixariam nesse perfil. Mas daí já seria eu falando do que acho que o outro seja... É que pra mim, pensar que, no fundo, no íntimo, ali naquele cantinho escondido do seu eu, uma pessoa tenha uma conduta sempre tão coerente me impressiona. Tudo bem... sei que é limitação minha.
É que tenho pensado muito no poder que as coisas, as pessoas e os lugares exercem sobre mim. Entende o que quero dizer? Falo das propriedades que cada um deles tem, de uma espécie de campo magnético inerente a cada matéria, que, ao entrar em contato com o meu campo magnético tem o poder de me transformar em alguma medida e causar um determinado efeito. É claro que nessa dinâmica físico-química (??!) o fator memória emotiva exerce total influência na vibração dos magnetismos. É viagem? Né não. Quem não sabe explicar, exemplifica. Então lá vai:
Afirmação n.1: das Coisas - Quando eu ponho o meu vestido florido me sinto mais leve que quando uso uma calça jeans.
Meu humor fica outro, juro. Provavelmente nesse caso o fator memória emotiva seja o principal atuante, uma vez que usar vestido florido me remete a fim de semana e não a trabalho.
Afirmação n.2: das Pessoas - Algumas pessoas têm a capacidade de mudar completamente meu estado de espírito.
Pro bom e pro ruim. Pessoas elétricas me deixam uma pilha. Gente mau humorada me leva junto. Por isso é que eu prefiro as leves. E as bem-humoradas. As que me fazem rir. E cada dia admiro mais as lentas.
Afirmação n.3: dos Lugares - Pra cada ambiente, uma Ana Carla diferente (hahaha...!).
Os significados dos lugares pra mim são o resultado da interação campo magnético X memória emotiva. E em cada um deles reajo de uma maneira. Em alguns lugares sou conhecida por ser zen e bem-humorada. Em outros meu mau-humor é insuportável. Um dia um colega do teatro me apelidou “a menina com cara de vento”. Na mesma ocasião em que um relacionamento afundava de tão pesado.
Por estas e tantas outras, meus caros, não consigo, e nem que quisesse, não poderia me definir por mim mesma. Se hoje me perguntassem quem eu sou, diria que depende do onde, do como e do com quem (e olha que optei por deixar de fora as variações de acordo com o dia do mês...).
Às vezes acho isso triste. Às vezes acho divertido. No fundo acho cansativo.
Pois bem... o lado bom de navegar no mar da inconstância é a riqueza de coisas, pessoas e lugares que me acontece. Viver me ajuda a compreender o que quero e o que não cabe mais. E quanto mais vejo, quanto mais sinto, quanto mais ana carlas sou, mais próxima estou de chegar aí nesse lugar que você está. Em terra firme. Pés bem plantados no chão e a serenidade de saber que a base de toda fortaleza se constrói com paciência e persistência.