Quem me conhece sabe do meu ritmo de vida aí em Salvador, sabe o quanto vivo ocupada, cheia de trabalhos, projetos, ensaios, idéias e sempre me metendo em mais e mais e cada vez mais coisas. Sempre inventando uma maneira de estar ocupada para depois me queixar da falta de tempo pra cuidar de mim, pra fazer nada, pra relaxar. Quantos de vocês se identificam com esse perfil? Aposto que muitos. Fiz isso desde sempre porque me ensinaram que tempo é dinheiro, que mente vazia é playground do chifrudo (lá ele!), que “já que você não tá fazendo nada, então faz isso aqui para mim…”. E o tempo de respirar, de me permitir sentir, de fazer o que der (ou não der) na telha nunca coube nessa agenda sempre repleta de coisas muito importantes, alguns assuntos inadiáveis e um par de oportunidades imperdíveis. Meu nível de organização da vida é tamanho, que até o que deveria ser prazer eu tendo a transformar em compromisso, no sentido mais pesado da palavra.
Mas sabe que hoje me peguei sorrindo sozinha na rua? Me bateu a alegria de constatar o quanto é bom não precisar ser “alguém”, não me exigir compromisso, competência, cumprir com a palavra a qualquer custo. Minha recente descoberta é a leveza de simplesmente ser e viver as coisas como elas me chegam, buscando o aprendizado na imperfeição, o alívio no que me sufoca. E sabe o melhor? Me dei conta de que já podia ter começado a me sentir assim há muito tempo, seguindo todas as minhas atividades cotidianas, mas colocando em cada uma delas a medida de energia que lhe corresponde. Apenas o suficiente para cumpri-las, nem um pingo a mais. Descobri que compromisso não é sinônimo de stress, competência tem muito mais a ver com flexibilidade do que com fazer a coisa certa e que agenda lotada não mede valor de ninguém, muito pelo contrário... só me impediu até hoje de voltar os olhos pro que realmente importa.
E pra você? O que realmente importa?