segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Que há por detrás do silêncio?


Vergonha. 

Dois meses se passam e nem uma palavrinha postada no blog. Justo eu que gosto tanto de escrever e saber que tem meia dúzia de bons amigos que me dão alguma audiência e que até me cobram notícias. 

Durante esse tempo pensei várias vezes que deveria escrever alguma coisa. Mas sabe o quê? A verdade é que não soube o quê. E não foi por falta de assuntos e novidades...acho que foi falta de vontade mesmo.

Sem muitas pretensões poéticas mando logo a notícia de que estou de volta a Barcelona. Sigo fazendo o Máster em Tarragona, agora com menos demanda presencial, mas retorno a Barna e ao seio da família que me acolheu nos primeiros momentos aqui na terrinha: de momento vivo com João e Grazi.

Sim, outro momento se inaugura e acho que talvez por isto, por ainda estar no meio de algumas reviravoltas, ainda não esteja em posição de escrever sobre elas ou lançar uma mirada romântica, como bem costumo fazer.

Também sinto que tenho estado mais aqui e menos aí. E, como tudo, isto tem seus prós e seus contras. Quando se deixa de ser um estranho numa cidade nova a gravidade passa a funcionar igualzinho que em casa....o cotidiano e as tarefas chatas pesam da mesma maneira. Tava há poco lendo um texto do antropólogo britânico Julian Pitt-Rivers que tem um trecho que fala que à medida que o visitante vai se tornando "membro" da comunidade, o caráter sagrado de seu status de hóspede desparece e vão ganhando espaço as obrigações e responsabilidades com a sociedade. Longe de me sentir uma cidadã catalã, apenas cito por achar pertinente a distinção que se faz entre hóspede e morador.

Uma das vantagens de perceber isto é confirmar a ideia de que não importa onde você esteja sua trouxinha de virtudes e defeitos vai junto. Passada a empolgação do "Uhhh... eu moro em Barcelonaaa!!!", vem o "Ok, Barcelona é uma excelente cidade, mas meu máster está me deixando doidaaaa". (Com exceção da minha amiga Cráudia que é uma louca eternamente alucinada com a cidade). E mais adiante alguns podem até chegar ao extremo: "Sei lá de Barcelona, nunca mais saí pra dar uma volta...O trabalho tá consumindo todas as minhas energias e só quero ficar em casa." Ou seja, não importa se estamos em Salvador, Rio de Janeiro,  Espírito Santo, São Paulo, Cairo, Barcelona ou uma paradisíaca ilha grega. O importante é seguir arrumando a casa pra aprender a levar a serenidade pra onde quer que se esteja.

E chega de xourumelas. Boa semana pra vocês!